“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” Mateus 5:14 –.
A Bíblia afirma: “Deus é luz” Nas décadas passadas tal afirmação parecia uma analogia poética do que uma expressão de verdade literal. No atual século, no desdobrar da multiplicação do conhecimento cientifico é sabido que a luz enche de beleza e vida o universo todo.
A fórmula desenvolvida por Albert Einstein E=mc2 é a base do conhecimento cientifico, e por assim dizer, a luz é a matéria prima de todas as coisas que há no universo. Todos os elementos químicos são filhos da luz que quando suprimidos em graus elevados produz os elementos dos quais a matéria de todas as coisas são compostas. Em resumo: A luz é a causa da criação e da força do universo.
O fenômeno da luz é a causa primaz da criação no plano físico. Portanto, quando a Bíblia afirma que Deus é luz, ela é o grande símbolo metafisico do que Deus é. Em Deus não há passividade, o apóstolo João disse: “Deus é luz, e nele não há trevas”.
A luz é o único elemento no universo que não é contaminada por nada, não é afetada por nenhuma vibração inferior. A essência de todas as coisas criadas é a luz; ou lucidez. Quanto mais lúcida é alguma coisa, mais pura ela é.
O corpo humano é um invólucro semitranslúcido. Como um abajur em tecido opaco que ofusca a luminosidade da lâmpada, o espirito humano recriado pelo novo nascimento mediante o poder do Espirito Santo, a nova criatura dentro desse casulo de carne, é luminoso porque consiste na essência divina de Deus que é luz.
Jesus disse: “Vós sois a luz do mundo... Não pode permanecer oculta uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada e se põe debaixo de um alqueire, mas sim sobre o candelabro, para que alumie a todos que estão na casa. Assim brilhe a vossa luz perante os homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.”
Evidencia-se nessa palavra de Cristo, que o homem deve ser um divulgador dessa luminosidade interior. A luz não deve ser contida, deve ser ação da vida de Cristo em nós. Mas, diante dessa afirmativa o homem espiritual genuinamente convertido deve tomar cuidado e procurar o mais possível à obscuridade; o seu ego humano, a periferia do seu invólucro de carne, o anonimato completo.
Isso porque, muitos, acabam caindo na armadilha do Egoísmo e perdem a noção de que não são luzeiros próprios, mas que irradiam a luz verdadeira de uma fonte espiritual e que não são advindas do carisma humano. Toda propaganda da luz, que por si mesmo se irradia, torna-se profana quando o ego personal diante de tal sublime posição o ilude; tal pessoa ao estar no alto do monte ou no candelabro sem se aperceber creia que tal luz procede de si mesma. Onde há ilusão há possibilidade de queda. O Salmista diz : “A minha alma escapou do laço do passarinheiro...”
O salmista reporta-se a ilusão criada pelo ego personal, porque toda experiência mística pode tornar o homem orgulhoso e desprezador de seus semelhantes. Os “ímpios” lá embaixo. Acaba ignorando que todo dom perfeito vem de cima do Pai das luzes, que a iluminação espiritual é obra da graça divina.
Corre-se o risco de um dia tal pessoa mística realizar os milagres que Jesus fazia chamadas “obras de poder” e acabar iludido que as obras que fez por virtude própria, de uma santidade esmerada e única oriunda de si mesmo.
Quando Jesus disse aos discípulos que deveriam colocar a luz no velador para que os homens pudessem ver a luz supõe-se que tais homens devem ultrapassar a ilusão do ego. Que o ego sirva apenas de elemento de condução e adquira plena certeza e convicção sobre a causa real dos efeitos espirituais. O homem espiritual é apenas uma ferramenta. Ela não produz nada se não for devidamente utilizada pra o fim que foi criada.
A luz é o único elemento da natureza que não pode ser contaminada. A água se torna impura, é o elemento maior da vida humana, pois sem água a vida deixa de existir mas pode ser contaminada, a luz, pelo contrário não é contaminada por nada. Adentra as mais profundas fontes de impureza e sai dela imune de contaminação.
O Homem recriado pelo novo nascimento pode ser puro no meio dos impuros. Pode purificar as impurezas sem ser contaminado por elas. Nesse interim é possível que o homem seja iludido a ponto de que ache que é o seu pequeno ego humano que realiza obras espirituais. Da forma que Cristo foi tentado no deserto em que o tentador queria que Ele produzisse obras sobrenaturais, desafiando-o a expressar poder em causa própria para aliviá-lo da tarefa suprema da obra redentiva, tomando atalhos que não estavam dentro dos propósitos do Criador.
Portanto, a impureza consiste num fato: Fazer crer que obras espirituais sejam realizadas pelo poder do ego personal.
Pureza de coração procede do efeito da luz de Deus no coração purificando as impurezas do egoísmo. Um homem verdadeiramente convertido das trevas para a luz de Cristo não se orgulha de sua espiritualidade. Reconhece sempre a graça de Deus em sua vida que produz tais obras.
Nenhum homem espiritual e renascido pelo poder do Espirito Santo sente-se ofendido por fatos, atos, palavras, opiniões injustas dos outros. Ele sabe que tais setas não atingem o seu verdadeiro eu integrado, senão apenas o ego ilusório, periférico da carne. Nenhum mal o faz mau. Nenhum homem pode ofender a roupa de outro homem, se alguém se sentir ofendido por causa da roupa que veste pelo simples fato de que a roupa não sou eu.
A roupa apenas encobre e protege quem sou. Eu sou uma nova criação de Deus. Minha vida está escondida em Cristo.
Quem é nova criatura em Cristo deve colocar a luz de Cristo num alto monte e no alqueire para iluminar a cidade, desde que renuncie os ditames do seu ego periférico, e aceite como um cristal a luz divina e através do prisma dessa luz irradie as diversas cores o amor de Deus a um mundo opaco e sem luz própria.
Uma vez que o homem ultrapassou as barreiras do seu ego periférico e se integra na luz de Cristo está livre. Verdadeiramente livre das ilusões do Ego. Chegou ao conhecimento da verdade. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Jo 8; 32 Ele é livre e puro como a luz. É benévolo como um dia sol, cujos raios beijam a face da criação todos os dias, produzindo vida em abundancia. Nas noites escuras produz calor que aquece os corações pela luz refrataria latente nas rochas mais gélidas dos corações endurecidos pela indiferença do egoísmo.
Tal homem que irradia luz divina no alto de um monte ou no alto como candeia no alqueire deixa Deus ser Deus em sua vida. Integrou-se e purificou-se na Luz verdadeira. Sua visão é límpida, sua vida transparente e fecunda. “Vós sois a luz do mundo”... “Brilhe diante dos homens a vossa luz”!...
Poeta sertanejo
Publicado no Recanto das Letras em 04/04/2011
Código do texto: T2888330
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